No início de outubro, aconteceu, na Dinamarca, o Congresso Europeu de Oncologia Clínica (ESMO), que reuniu congressistas do mundo inteiro para conferir as muitas novidades sobre estudos feitos com medicamentos destinados ao tratamento do melanoma.
Um dos estudos mais aguardados, apresentado pelo Dr. Alexander M. Eggermont (estudo EORTC 18071), buscou determinar a eficácia do ipilimumabe no tratamento adjuvante de pacientes com melanoma estádio III submetidos a cirurgia. O uso desse medicamento demonstrou impacto favorável na sobrevida global com 65.4% versus 54.4% dos pacientes vivos em 5 anos.
Os resultados em sobrevida livre de recorrência também foram atualizados, confirmando o benefício do tratamento ativo com proporção de pacientes livres de recorrência em 5 anos de 40.8% com o uso do medicamento versus 30.3% no grupo que foi tratado com placebo. Eventos adversos ocorreram em 54.1% dos pacientes tratados com ipilimumabe (41.6% definidos como imuno-relacionados, incluindo 5 óbitos).
Durante o congresso, também foram apresentados os dados atualizados de sobrevida do estudo COMBI-v, confirmando o benefício no longo prazo do bloqueio combinado BRAF/MEK, em comparação ao uso de inibidores do BRAF em monoterapia. Nesse estudo, 704 pacientes com melanoma avançado receberam os medicamentos dabrafenibe e trametinibe ou vemurafenibe em monoterapia.
O uso de dabrafenibe combinado ao tratametinibe resultou em benefício em sobrevida global, com 45% dos pacientes vivos em 3 anos, em comparação a 31% daqueles tratados com vemurafenibe.
Também foi apresentada a análise final da sobrevida global do estudo randomizado KEYNOTE-002, que havia sido previamente publicado. Essa análise mostrou que 540 pacientes previamente tratados com ipilimumabe receberam pembrolizumabe a cada 3 semanas ou foram submetidos a quimioterapia de escolha do investigador (paclitaxel e carboplatina, paclitaxel, carboplatina, dacarbazina ou temozolomida). Após cerca de 13 meses, a proporção de pacientes vivos em 24 meses foi de 36% e 38% nos grupos tratados com diferentes doses de pembrolizumabe, versus 30% dentre os que receberam quimioterapia. Convém salientar que muitos pacientes inicialmente tratados com quimioterapia também receberam pembrolizumabe posteriormente.
Por fim, o Dr. Paolo Ascierto trouxe os dados do estudo randomizado que comparou ipilimumabe em dose alta versus dose convencional. Após cerca de 3 anos e meio de acompanhamento, o uso de ipilimumabe resultou em benefício em sobrevida global e maior proporção de pacientes vivos em 3 anos, porém houve maior incidência de eventos adversos relacionados ao tratamento.
Para o Dr. Rodrigo Munhoz, membro do GBM, o resultado do evento foi positivo e deixou todos os congressistas bastante otimistas em relação às possibilidades de tratamento do melanoma. “O Congresso trouxe alguns resultados interessantes de estudos aguardados, com diferentes enfoques no tratamento do melanoma”, festejou.